Blog Edileusa Rosária

FILOSOFIA PARA MULHERES

Infocracia: Digitalização e a crise da democracia

A cada dia que passamos imersas nas redes sociais e em um mundo hiperconectado, nos tornamos mais dependentes de nossos dispositivos.

Infocracia, de Byung-Chul Han, me fez refletir sobre o quanto essa revolução digital afeta nossa liberdade, nossas escolhas e até a democracia que pensamos estar segura.

A obra mostra como a digitalização não apenas mudou a forma como nos comunicamos, mas também afetou radicalmente nossa percepção do mundo e nossa convivência social.

Vivemos numa sociedade onde cada ação nas redes sociais é rastreada e utilizada para moldar nosso comportamento e nos aprisionar. O autor deixa claro que não é exagero dizer que cada “like”, cada clique, está sendo observado, manipulado e, sequer, temos noção do que acontece nos bastidores. O que Byung-Chul revela é, no mínimo, perturbador.

Algumas frases ressoaram em mim, e acredito que farão o mesmo com você:

“O paradoxo da sociedade de informação é: as pessoas estão aprisionadas nas informações. Afivelam elas mesmas os grilhões ao se comunicarem e ao produzirem informações. O presídio digital é transparente“.

A dominação do regime de informação é ocultada, na medida em que se funde completamente com o cotidiano”.

Nós nos imaginamos em liberdade, enquanto nossa vida está submetida a uma protocolização total para o controle psicopolítico do comportamento”.

A ameaça à democracia:

Outro aspecto sensível abordado pelo autor se refere à influência das redes sociais na democracia. Byung-Chul argumenta que, ao invés de fortalecer a participação cidadã, a sobrecarga informacional e os algoritmos das grandes corporações de tecnologia enfraquecem o espaço público e criam um ambiente de vigilância e manipulação.

Assim, a democracia deixa de ser um processo de deliberação coletiva e se transforma em uma estrutura em que o poder é concentrado nas mãos de quem controla os fluxos de informação.

Também neste ponto, gostaria de destacar alguns trechos do livro que me chamaram a atenção:

“No início da democracia, a mídia determinante era o livro. Este estabelece um discurso racional do Esclarecimento. A esfera pública discursiva, essencial para a democracia, se deve ao público leitor pensante”.

“As mídias eletrônicas de massa destroem o discurso racional marcado pela cultura livresca. Produzem uma midiocracia. Elas têm uma arquitetônica particular”.

“Infowars com fake news e teorias da conspiração indicam o estado da democracia atual, no qual verdade e veracidade não têm mais nenhum valor. A democracia afunda em uma selva de informações inescrutáveis”.

A visualização intensificada da comunicação impede ainda mais o discurso democrático, pois imagens não argumentam ou fundamentam. A democracia é lenta, prolixa e tediosa. A propagação viral de informações, a infodemia, prejudica, assim, de modo massivo o processo democrático.”

Para refletir:

A sensação de liberdade online, na verdade, é uma ilusão. Estamos sendo constantemente manipuladas por algoritmos e por aqueles que detêm o poder da informação.

Nesse sentido, o livro desafia cada uma de nós a questionar nossa posição nessa estrutura. Até que ponto estamos dentro da “caverna”, como dizia Platão? Será que temos noção de como somos manipuladas pelas mídias digitais e por esse novo regime de poder, que o autor chama de “infocracia”?

Essas perguntas me inquietaram profundamente durante a leitura. O livro é como um chamado para despertar, especialmente para nós, mulheres, que equilibramos tantas responsabilidades e ainda somos pressionadas a nos mantermos sempre conectadas e atualizadas.

Ao fim, percebi que é preciso agir de forma consciente, seja na escolha do que consumimos online ou em como usamos a tecnologia.

O retorno às coisas simples:

Nesse contexto de hiperconexão, precisamos repensar nossas prioridades. Eu te convido a refletir sobre o valor das pequenas coisas – caminhar no parque, ler um livro, tomar um café com as amigas e etc.

A vida simples, desconectada, é uma forma de resistência a esse sistema que nos suga para dentro desse metaverso. Por óbvio que não podemos nos desconectar completamente, mas, podemos ter momentos de “descanso”.

A obra de Byung-Chul Han é um convite à reflexão. E você? Já leu este livro? Se ainda não, clique no link abaixo:


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