
Durante o Renascimento, enquanto as transformações culturais ganhavam espaço, as mulheres continuavam à margem dos círculos artísticos dominados por homens. Em meio a essa exclusão, os conventos eram como verdadeiros polos de criação, oferecendo refúgio e oportunidade para o desenvolvimento de talentos femininos.
Esses espaços, mais do que ambientes religiosos, foram locais onde as mulheres puderam aprimorar suas habilidades, explorar técnicas artísticas e expressar suas visões, desafiando os limites impostos por uma sociedade patriarcal.
Assim, os conventos não apenas preservaram, mas impulsionaram a arte feminina, deixando um grande legado.
É nesse contexto que surge Plautilla Nelli (1524-1588). Freira e pintora autodidata, ela foi uma das primeiras artistas conhecidas de Florença. Aos 14 anos, ingressou em um convento dominicano, onde montou um ateliê exclusivamente feminino.
Plautilla dedicou-se ao estudo de desenhos e técnicas de artistas renascentistas, como Fra Bartolommeo, cujas obras ela copiou com rigor para aperfeiçoar suas habilidades.
Hoje, Plautilla Nelli é mais conhecida por sua imponente obra A Última Ceia, pintada por volta de 1560. Com dimensões impressionantes – 7 metros de largura – e detalhes anatômicos e emocionais refinados, esta é a primeira representação desse episódio bíblico feita por uma mulher.

A pintura, recentemente restaurada, é um marco não apenas artístico, mas também histórico, refletindo a determinação de Nelli em superar os limites impostos às mulheres de sua época.
Outra obras:


Considerações finais
Durante o Renascimento, os conventos desempenharam um papel fundamental para as mulheres, especialmente aquelas que desejavam acesso à educação e à cultura.
Em um mundo onde a maioria das mulheres era privada de estudar ou participar da vida pública, os conventos ofereciam uma alternativa: lá, elas podiam aprender a ler, escrever, copiar manuscritos, criar iluminuras e, em alguns casos, dedicar-se às artes. Para muitas, o ingresso em um convento era uma oportunidade de escapar das pressões do casamento forçado ou das limitações impostas pela sociedade patriarcal, garantindo uma vida mais digna e produtiva.
No entanto, apesar das oportunidades oferecidas pelos conventos, as mulheres ainda enfrentavam barreiras significativas para obter reconhecimento por suas obras. Plautilla Nelli, como outras artistas de sua época, desafiou essas barreiras, mostrando que, mesmo sob condições adversas, o talento e a determinação femininos eram inegáveis.
Katy Hessel, no livro A História da Arte sem os Homens, traz uma informação interessante: mesmo com os críticos afirmando que o pincel era “viril” e que as mulheres representavam o “sexo passivo”, elas não se deixaram desanimar e reagiram.
Para descobrir um pouco mais, sugiro que assista ao vídeo do canal do YouTube da Patricia Carmargo, onde você encontrará detalhes sobre a obra mencionada e também sobre a vida de Plautilla Nelli!