
O livro “O Calibã e a Bruxa”, escrito pela historiadora Silvia Federici, lança luz sobre um período muito importante da história: a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa, especialmente focando no papel das mulheres.
Nesse contexto histórico, Federici revela como o patriarcado e o capitalismo se entrelaçaram para suprimir não apenas o poder físico das mulheres, mas também seu conhecimento ancestral, suas práticas comunitárias e sua autonomia sobre seus corpos.
Federici argumenta que a perseguição às bruxas durante os séculos XVI e XVII não foi apenas um episódio de histeria religiosa, mas uma tentativa calculada de controlar as mulheres e sua autonomia, essencial para a acumulação primitiva de capital.
Ao mergulhar nesse relato, somos confrontados com a verdadeira dimensão das lutas e resistências das mulheres ao longo da história, oferecendo-nos não apenas uma nova perspectiva sobre o passado, mas também insights essenciais para compreender e enfrentar as complexidades de nossa própria era.
Reflexões sobre a obra
Para nós, mulheres contemporâneas, a leitura deste livro é fundamental por diversos motivos. Primeiramente, ele revela como as estruturas de poder dominantes ao longo da história reprimiram não apenas o corpo feminino, mas também o conhecimento e as práticas comunitárias que eram centradas nas mulheres.
Compreender essa história não só nos empodera culturalmente, mas nos dá uma visão crítica das dinâmicas de gênero e poder que persistem até hoje.
Além disso, ao conhecermos a história das mulheres, especialmente suas lutas e resistências, ganhamos inspiração para enfrentar os desafios contemporâneos.
Federici mostra como a resistência das mulheres foi fundamental para questionar e desafiar as normas patriarcais, mesmo em períodos tão repressivos.
Portanto, ler e estudar “O Calibã e a Bruxa” não é apenas um exercício intelectual, mas um ato político e de autoconhecimento.
Ao reconhecermos as raízes históricas das opressões que enfrentamos, podemos fortalecer nossas lutas por igualdade, justiça e autonomia nos dias de hoje.
Frases marcantes do livro:
A caça às bruxas alcançou seu ápice entre 1580 e 1630, ou seja, numa época em que as relações feudais já estavam dando lugar às instituições econômicas e políticas típicas do capitalismo mercantil.
A bruxa era também a mulher rebelde que respondia, discutia, insultava e não chorava sob tortura. Aqui, a expressão “rebelde” não se refere necessariamente a nenhuma atividade subversiva específica em que possa estar envolvida uma mulher. Pelo contrário, descreve a personalidade feminina que se havia desenvolvido, especialmente entre o campesinato, no contexto da luta contra o poder feudal, quando as mulheres atuaram à frente dos movimentos heréticos, muitas vezes organizadas em associações femininas, apresentando um desafio crescente à autoridade masculina e à Igreja.
Também sabemos que muitas bruxas eram parteiras ou “mulheres sábias”, tradicionalmente depositárias do conhecimento e do controle reprodutivo feminino (Midelfort, 1972, p. 172).
*Citações retiradas das páginas: 297, 332/333, 327/328. Edição: 2017.
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