Blog Edileusa Rosária

FILOSOFIA PARA MULHERES

Onde estão as mulheres na “Escola de Atenas”? Um olhar crítico sobre a obra de Rafael

A Escola de Atenas é um afresco do artista renascentista italiano Raphael Sanzio. Foi pintado entre 1509 e 1511
Afresco “A Escola de Atenas”, de Raffaello Sanzio

“A Escola de Atenas”, de Raffaello Sanzio, popularmente referenciado por nós brasileiros como Rafael, é vista como uma das grandes obras do Renascimento.

Esse período, que veio logo após a Idade Média, tinha como objetivo trazer de volta as ideias e o conhecimento da filosofia clássica, valorizando o pensamento dos grandes filósofos da Antiguidade.

No entanto, ao admirarmos essa magnífica composição, notamos algo que levanta questionamentos sobre a representação feminina na história da filosofia: onde estão as mulheres?

Na pintura, vemos Platão, Aristóteles, Pitágoras, Sócrates, Diógenes e outros gigantes do pensamento antigo, mas não há uma representação feminina evidente.

Para muitos estudiosos, isso reflete a realidade histórica de que, na Antiguidade, o papel das mulheres na filosofia era marginalizado ou completamente invisibilizado.

No entanto, algumas teorias contemporâneas sugerem que Rafael pode ter incluído, de forma sutil, figuras femininas na obra.

Hipátia de Alexandria: uma possível presença oculta

Escola de Atenas. Hipátia de Alexandria.

Uma das teorias é a de que Rafael teria retratado Hipátia de Alexandria, essa figura no canto esquerdo da pintura, próxima a Pitágoras. Contudo, a interpretação oficial a considera essa figura como sendo de um jovem discípulo masculino.

Hipátia foi uma matemática, astrônoma e filósofa neoplatônica, cuja vida e morte trágica simbolizam a luta feminina por espaço no mundo intelectual e pela educação das mulheres.

REFLEXÕES SOBRE A OBRA

A ausência confirmada de mulheres na “Escola de Atenas” é um reflexo da visão patriarcal da época sobre o papel das mulheres no pensamento filosófico.

Contudo, ao questionarmos essa ausência, abrimos espaço para discutir a importância de revisitar a história com um olhar crítico, buscando reconhecer e valorizar as contribuições das mulheres que foram, muitas vezes, apagadas ou sub-representadas.

Ao reinterpretar “A Escola de Atenas” sob essa perspectiva, podemos pensar na obra não apenas como uma celebração do pensamento clássico, mas também como um ponto de partida para refletir sobre as lacunas na nossa compreensão histórica.

Podemos questionar: como seria essa composição se incluísse filósofas como Diotima de Mantineia, Hipátia, Safo de Mitilene, dentre outras, que influenciaram o pensamento filosófico?

Trazer à tona essas discussões nos permite resgatar a história das mulheres na filosofia e refletir sobre como podemos dar a elas o reconhecimento merecido.

A arte tem o poder de moldar essas percepções e ao reinterpretar essa obra com um olhar crítico e inclusivo, contribuímos para uma narrativa muito mais rica.

Vou ser repetitiva: a ausência de mulheres na ‘Escola de Atenas’ nos mostra a importância de revisitar a história e reconhecer as contribuições femininas que, muitas vezes, foram negligenciadas, apagadas ou até apropriadas pelos homens.

E você? Como enxerga o papel das mulheres ao longo da história? Já refletiu sobre isso?

Quer saber mais sobre essa obra? Vou deixar aqui o link de dois blogs onde você poderá encontrar detalhes de cada personagem:

Você certamente já deve ter ouvido falar de Hipátia de Alexandria. Lembra do filme “Ágora (Alexandria) 2009”? Vale a pena assistir.

Cartaz do Filme Ágora

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